“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amyr Klink

sábado, 17 de setembro de 2011

De Puerto Natales a El Calafate

Deixamos a cidade chilena de Puerto Natales e seguimos em direção à Argentina, visando conhecer o Glacial Perito Moreno e a Montanha Fitz Roy, próximos às cidades de El Calafate e El Chaltén, respectivamente.

Esta viagem foi uma experiência à parte. O Chile é um país muito estreito e longitudinal, cuja divisa com a Argentina coincide com barreira natural da Cordilheira dos Andes. Portanto, para sairmos de um país para outro, obrigatoriamente iríamos cruzar não só a fronteira, mas também a imensa Cordilheira. Do lado chileno havia muita neve, devido à umidade oriunda do Oceano Pacífico, do lado Argentino clima seco e árido.

A paisagem é muito forte e marcante. A estrada corta longas planícies totalmente áridas, com pequenos arbustos ressecados e retorcidos, cercadas de altas montanhas de cumes congelados. Constantemente aparecem rebanhos selvagens de guanacos e lebres cruzando a rodovia. A espreita, ao longo da rodovia, posicionam-se enormes gaviões e falcões aguardando a má sorte de alguma lebre em sua travessia. Disse-nos a guia que a rodovia amanhece com muitas lebres atropeladas, atraídas pelos faróis dos poucos automóveis que rodam por aquelas estradas, porém em poucas horas os gaviões se encarregam da limpeza.

Na maior parte do tempo a viagem foi tranqüila, muito bem conduzida pelo sósia do Maurício de Souza. Entretanto, o clima esquentou, apenas no sentido metafórico, quando iniciamos uma parte muito íngreme da estrada, logo após a fronteira, onde a neve cobria a estrada e os terríveis ventos chacoalhavam o ônibus.

Todos os passageiros, em sua maioria turista, acordaram, apreensivos com o momento, porém ávidos em registrar aquele trecho com suas poderosas câmeras fotográficas. Houve dois episódios de grande tensão. Um deles quando o ônibus literalmente deslizou pela pista, derrapando de lado até o acostamento quando aderência voltou e o motorista retomou o controle da direção. Outro momento inesquecível foi quando nos deparamos com dois carros atolados na neve em meio a pista. Para nossa surpresa o motorista acelerou em direção àqueles carros, fazendo uma manobra arrisca entre eles. Foi possível ver a expressão de desespero dos respectivos condutores com a aproximação do ônibus.


                                                 Acima a estrada tomada pela neve

 
Mais a frente, deparamo-nos com mais veículos atolados, estes nas laterais da pista. Imediatamente após o cume da montanha, onde incrivelmente o clima era completamente diferente, sem qualquer neve, havia um posto de apoio à limpeza das estradas, com muitas máquinas, onde motorista parou para avisar o que havia sucedido.

Chegando em El Calafate, fomos recepcionados pelo simpático Bruno, que nos levou ao Hostel los Glaciares, por sinal um hostel muito bonito e confortável, o melhor custo-benefício até este momento.

El Calafate e abaixo (castelinho) o hostel onde ficamos

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