“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver” Amyr Klink

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Salta - Argentina

Chegamos em Salta por volta da meia noite. Estávamos exaustos, nos hospedamos em um simplório hostel e descansamos porque no dia seguinte faríamos um passeio de sonhos: O trem das nuvens.















O trem das nuves (Tren a las nubes), percorre um trajeto de 434 quilômetros de ida e volta, entre planícies, vales e montanhas. A viagem recria parte do caminho que os súditos do Império Inca faziam há alguns séculos e permite conhecer a natureza da Cordilheira dos Andes em todos os aspectos.

Acordamos cedíssimo e nos dirigimos à estação. O trem partiu as 7 da manhã, estávamos sonolentos e ainda cansados da viagem de ônibus do anterior, porém as lindas paisagem que surgiam no caminho e o café que foi servido nos fez acordar. Na partida ainda estava escuro e ver o nascer do sol de dentro do trem foi algo fascinante. Aos poucos, a paisagem vai mudando: do verde das plantações de hortaliças e tabaco, passou ao marrom árido das estepes andinas.















A nossa frente estavam dois simpáticos senhores Carlos e Bernardo, de 60 e 63 anos, argentinos de Santa Fé e amigos de infância que foram a Salta curtir alguns dias de descanso. No início pareciam dois velhos carrancudos, mas com o passar das horas foram se soltando e se mostrando muito simpáticos e divertidos.

                                          Nossos companheiros de trem: Carlos e Bernardo


O trem passa por diversas paisagens, montanhas rochosas, quenions, pequenos povoados indígenas, plantações de cactos e chega até uma ponte lindíssima que está localizada a 4200m de altitude. A viagem é linda e segura, pois durante as 16 horas de trajeto, dois carros de segurança e uma ambulância acompanham o trem. Isso dá mais tranquilidade à viagem.









Ao chegarmos ao Viaduto La Polvorilla (após 8 horas de viagem), descemos do trem e passeamos um pouco pela região, que estava repleta de indígenas vendendo seus artesanatos. Subimos até um mirador, tiramos algumas fotos e retornamos ao trem para a viagem de volta a Salta. Nesta subida ao mirador senti mais os efeitos da altitude (estávamos a 4200m), fiquei ofegante, com a cabeça pesada e sonolência, mas um chazinho de coca fez melhorar. Além de ser gostoso, é digestivo e deixa desperto. Pena que é proibido aqui no Brasil, pois é desta planta que é fabricada a cocaína. O Pablito sentiu um pouco de tontura e dor de cabeça mas com o chá ficou melhor também. É engraçado ver os moradores da região com uma bola de folhas de coca na bochecha. Dessa forma ela dissolve e deixa a pessoa “ligada”.


Viaduto La Polvorilla






 
Foram mais 8 horas de retorno. Dormimos um pouco, comemos, assistimos filme e, no final, cantores típicos subiram no trem e divertiram o pessoal. No nosso vagão só tinha nós dois de brasileiros, o resto eram argentinos e alguns europeus. Depois dos cantores, colocaram karaokê ai o pessoal se animou! Faziam “trenzinho”, pulavam, dançavam, foi muito mais muito engraçado, principalmente os dois senhores argentinos que “soltaram a franga”.

A viagem pelo Trem das Nuvens foi maravilhosa. Conhecemos pessoas especiais, vimos o nascer e o por do sol, tendo como plano de fundo lindas paisagens e nos divertimos muito. Essa também vai ficar gravada, no coração e na memória. Eis um vídeo bacana sobre o trem: http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL986580-16022,00-TREM+DAS+NUVENS+REFAZ+ANTIGO+CAMINHO+INCA.html



















 Ao final o por do sol


No outro dia passeamos pela cidade de Salta e subimos o Cerro San Bernardo de teleférico, onde há uma linda vista da cidade. A cidade de Salta é uma das mais importantes cidades do norte do país, localizada a leste da Cordilheira dos Andes, a cerca de 1187m de altitude. Ela preserva a arquitetura da época colonial, com diversos museus e igrejas construídas nessa época.




A vista do Cerro San Bernardo


A tarde fomos ao Dique Cabra Coral, onde há um lindo lago onde as pessoas locais passam os finais de semana para acampar, pescar e se divertir com suas famílias. Foram mais ou menos 2 horas de ônibus público. Foi muito interessante ver as famílias reunidas, a maioria descendente de indígenas, indo passear, fazer piquinique e pescar. Algumas com 5, 6 filhos.














Passeamos por lá, onde há uma ponte muito bonita, sentamos em um barzinho a beira do lago para tomar um café e aguardar o ônibus de volta. A volta foi engraçada, com o ônibus lotado da população local, o pessoal entrando no ônibus com barraca, vara de pescar, nós sentados ajudando a segurar as coisas do povo. Foi muito engraçado e legal ao mesmo tempo, pois pudemos sentir um pouquinho como é a diversão do pessoal que mora lá.


Cafayate

 No dia seguinte seguimos para uma cidade ao sul de Salta chamada Cafayate. Cafayate se localiza dos valles calchaquíes, com uma variedade de paisagens e cores, além de ser famosa pelo bom vinho.  A atividade cultural do valle de Cafayate se centraliza nas adegas e na elaboração do vinho característico das uvas brancas de origem torrontes. Os artesanatos, que podem encontrar no mercado artesanal, possuem resquícios da cultura aborigene.

Eu não tinha nem ideia das paisagens que estariam por vir. Estava super sonolenta no ônibus (pra variar um pouco) quando fizemos a primeira parada. Despertei rapidinho quando me deparei com a Quebrada de las Conchas. A quebrada é umas das paisagens características do noroeste, com suas formações de rochas erosivas que tem formas vivas e diferentes, como exemplo ¨Los Castillos¨, com um vermelho intenso semelhante aos castelos medievais. ¨El Anfiteatro¨, formado pelo desgaste das pedras em contato com a água, onde a acústica é perfeita e artistas argentinos relacionados ao folclore e a música popular apresentaram-se neste lugar. E a ¨Garganta del Diablo¨, é uma imensa parede circular de 50 metros de altura, semelhante a uma traquéia humana. Eu e Pablito ficamos boquiabertos com a beleza daquelas paisagens e admirados mais uma vez com o poder da natureza.















































                                                   El Anfiteatro: impressionante!
                                                     

Chegando em Cafayate visitamos a vinícola Domingo Hermanos onde pudemos aprender um pouquinho sobre a produção do vinho, ver o parreirais e degustar o vinho produzido por eles. Passeamos um pouco pela cidade, almoçamos e lá pelas 3 da tarde retornamos a Salta. Jantamos e descansamos nos preparando para o dia seguinte quando seguiríamos para Mendoza. Nossa última parada!


Degustação de vinho: sempre bom!

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